INTRODUÇÃO
Em
museus de Ciências de algumas grandes cidades é possível vivenciar situações
que podem parecer mágica aos menos avisados. O museu de Ciências de Boston, nos
Estados Unidos, é um desses lugares. Em uma sala bastante grande, há uma enorme
estrutura metálica, parecida com uma gaiola, e dentro dela há dois geradores de Van de Graaff* (ver nota).
Dentro dessa gaiola, há uma menor, também de metal, onde uma pessoa fica à
espera das descargas elétricas que emergem da cúpula do gerador. O mais notório
disso tudo é que a pessoa dentro da gaiola menor não leva “choque” !!! Nesse
texto, discutiremos a blindagem eletrostática e o dispositivo conhecido por Gaiola de Faraday.
CAMPO ELÉTRICO NO INTERIOR DE UM
CONDUTOR
Quando
um corpo condutor é eletrizado por algum processo, as cargas em excesso se
distribuem em sua superfície. Podemos entender esse fato devido à repulsão
entre os elétrons livres do condutor que tendem a se afastar uns dos outros até
atingir a condição de repouso, quando então se diz que o condutor está em equilíbrio eletrostático. Nessa
condição, o campo elétrico no interior do condutor é nulo.
Agora,
vamos examinar o caso em que o condutor está neutro, mas próximo de uma carga
elétrica externa. Veremos que o campo elétrico dessa carga se manifesta em
todos os pontos do espaço em sua volta, exceto naqueles que estão dentro do
condutor pois o interior de um condutor é um lugar onde o campo elétrico de um
agente externo não consegue entrar. É a esse efeito que chamamos blindagem eletrostática.
GAIOLAS DE FARADAY
Benjamin
Franklin e, depois Michael Faraday foram os primeiros cientistas a estudarem a blindagem
eletrostática. Em particular, Faraday realizou uma célebre experiência. Ele
construiu uma grande caixa, revestida de metal e apoiada sobre isolantes, e a
eletrizou com o auxílio de um potente gerador eletrostático até que grandes
faíscas saltaram de suas paredes externas, Nessas condições, Faraday entrou na
caixa e realizou uma série de experimentos, não encontrando o menor vestígio da
influência do campo elétrico gerado pelas cargas das paredes externas da caixa.
Por isso, atualmente, os invólucros metálicos usados para produzir blindagem
eletrostática são popularmente conhecidos como gaiolas de Faraday. Desde então, quando é necessário manter um
aparelho ou equipamento elétrico ou eletrônico a salvo das interferências
externas, envolve-se o aparelho ou equipamento com uma “capa” metálica.
ENTENDENDO
POR QUE O CAMPO ELÉTRICO NÃO PENETRA NO INTERIOR DO CONDUTOR
Agora, vamos entender por que o campo elétrico de uma carga
externa não penetra no interior de um condutor. Para isso, vamos considerar que
a carga externa é uma placa
eletrizada
positivamente, de modo que o campo elétrico da placa seja uniforme. As linhas
de força, paralelas entre si, saem da placa e vão para o infinito. Então,
imagine que uma esfera condutora seja imersa nessas linhas como mostra a figura
acima. Note que uma carga negativa é induzida no lado esquerdo da esfera,
enquanto uma carga positiva é induzida no outro lado. Como a esfera encontra-se
em equilíbrio eletrostático (e a separação das cargas ocorre quase
instantaneamente após a sua introdução no campo elétrico da placa), não há mais
movimento ordenado de elétrons livres em seu interior. Concluímos, portanto,
que o campo elétrico em seu interior vale zero. Observe que as linhas de força
são perpendiculares à superfície da esfera. Assim, não há componente tangencial
de campo, e a carga induzida permanece estacionária.
É
devido à blindagem eletrostática que, por exemplo, aparelhos de rádio,
videocassetes, reprodutores de DVD, CD players
etc. são montados em gabinetes
metálicos, ao serem fabricados. Por igual motivo, fios elétricos e cabos
coaxiais usados na transmissão de sinais de TV e telefonia são envolvidos por
uma tela metálica.
EXERCITANDO A LEITURA
Já que você concluiu essa leitura no blog, então já é capaz de responder: se você estiver dentro de um automóvel em um momento de tempestade, viajando por uma estrada cortando uma superfície plana, e um raio incidir sobre o automóvel, qual é a melhor conduta a tomar?
FONTES
PENTEADO,
Paulo Cesar M. TORRES, Carlos
Magno A. Física: Ciência e Tecnologia. 1.
ed. São Paulo: Moderna, 2005
SANT’ANA,
Blaidi et al. Conexões com a Física.
1. ed. São Paulo: Moderna, 2010
MACHADO,
Luiz. CANTO, Luiz Ribeiro. Física.
Coleção Estudo 6V. Belo Horizonte: Editora Bernoulli, 2014
Notas
*O
Gerador de Van de Graaff é um dispositivo responsável pela geração de descargas
elétricas. Seu nome refere-se ao físico Robert
Van de Graaff que o construiu
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